segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Você me bagunça e tumultua tudo em mim...



*Difícil precisar quanto preciso...
**Difícil precisar quanto preciso...







"Sempre acreditei que toda vez que a gente entra numa igreja pela primeira vez,

 
vê uma estrela cadente ou amarra no pulso uma fitinha de Nosso Senhor do Bonfim, pode fazer um pedido. Ou três. Sempre faço. Quando são três, em geral, esqueço dois. Um nunca esqueci. Um sempre pedi: amor.

Nunca tinha tido um amor. O quê? Aos 35 anos, agitando desse jeito? Explico: claro que tive dúzias e dúzias, outro dia até tentei contar e me perdi na altura do número cento e trinta e muito. Mas tudo rapidinho, assim, uma hora, um dia, uma semana, um mês, pouco mais. Nunca, digamos, UM ANO. Então quando alguém suspirava e dizia cara estou saindo de um caso de DEZ anos, meu olho arregalava de pura inveja. Histórias mais compridinhas, claro que rolaram. Maria Clara, por exemplo, mas a gente morava, eu em Sampa, ela no Rio, amor-ponte-aérea. Caríssimo. Isso, das moças. Dos moços, aquele bailarino americano em London, London, quatro/cinco meses. Talvez seis? Numa tarde de compras e roubos em Portobello Road me deu de presente um cacto (perfeito!) e me deixou plantado até hoje. Esse era amor-de-metrô, último trem entre Hammersmith e Euston. Onde andará? (“Onde andará?” é das perguntas mais tristes que conheço, sinônimo de se perdeu.) 
Eis que de tanto pedir, insistir, acender vela, fazer todos os feitiços para Santo Antônio e Oxum e concentrar, rezar, mentalizar, eis que pintou. Ano passado me baixou um encosto de São Francisco de Assis, joguei (literalmente) pela janela quase tudo que tinha e, com duas malas, parti para o Rio. Não queria mais me prender a nada. Nem a Sampa, bem-amada. Numa ida a Porto Alegre, em agosto, deu-se. Explosão: à primeira vista. Tudo o que dissemos, depois de um longo suspiro de alívio, foi: eu amo você. Pasmem: verdade das verdadeiras. Ousadias do coração que saca, na hora, a intensidade do lance. E não disfarça. Bueno, tinha pintado.

Então tá. Romance comme il faut: dias numa casinha no meio de bosques em Gramado. Depois a volta ao Rio e, como dizia Ana Cristina Cesar (Aninha, Ana C., a bela, que falta você me faz menina fujona!), “amizade nova com o carteiro do Brasil”. Laudas e laudas de cartas de amor, uma por dia, duas por dia, dez por dia. Fotos, poemas, juras interurbanas. Voltei. Nós fomos os dois para o Rio. Dois meses lá: o amor resistia, mas nenhum estava a fim de pegar no pesado. Então fazer o quê? Dividir quarto pensão na Lapa, andar de ônibus, comer espiga de milho e misto quente? Nenhum acreditava em teu-amor-e-uma-cabana, também não era preciso teu-amor-e-um-rolls-royce (seria ótimo), mas pelo menos uma vitrolinha para fazer amor ao som do Bolero, de Ravel (amor tem desses lugares-comuns quase inconfessáveis). Voltamos. Verão em Torres. Camas de trinta horas. Passeios. Dunas, praia da Guarita. Filme. A sunga verde de lycra.
Suspeitas: porra, eu me afastei de tudo, de todos, joguei tudo pro alto e só quero esse amor, nada mais me interessa, se esse amor me faltar (pode?) eu só tenho isso, é o único laço que me prende à vida - e se faltar, Deus, se faltar o que faço? Noites paranóicas, medo Ritchie. E… se dançar? Aí dançou. Foi dançando. Não sei bem como. Uma tarde peguei nas suas mãos e, bem cruel (punhais: como a gente sabe apunhalar com engenho e arte, crava devagarinho a lâmina, depois revira, dentro da ferida), pedi assim: olha bem dentro dos meus olhos e me responde à seguinte pergunta: “Você não me ama mais?”.
 
Silêncio tão espesso que consegui ouvir o ruído do movimento de rotação da Terra. Feito nas novelas das seis, eu abri a boca quando ouvi a resposta. Um lento Não. Um claro Não. Um seguro Não. Um límpido Não. Um tranquilo Não. Um sem dúvida alguma Não. Um afirmativo Não. Repete, pedi. Repetiu. Pede-se não enviar flores, pensei. Fechei a porta. Fiquei só, chovia. Com requintes de autopiedade, limpei devagarinho com feltro um disco da Elis, deitei no chão e ouvi umas cem vezes “Se quiser falar com Deus”. Quando já ia abrir o gás, corri para o telefone e pedi ao Zé Márcio Penido em Sampa: socorro. Vem, ele disse. Santo amigo. Fui, na mesma hora. Me estonteei, vi todos os filmes, todas as peças, revi todos os amigos, ouvi todos os discos, namorei o que deu. Tinham sido NOVE MESES de fidelidade, no amor-amor, é sempre supernatural. Quando decidi estou-ótimo-fullgás-total-posso-voltar, voltei. The reencontro: quando dei por mim estava dizendo as coisas mais duras e agressivas e cruéis e impiedosas e injustas e ferinas e baixas e grossas que uma pessoa pode dizer à outra.
Comecei a me perder pela cidade. Selecionei vinte gatos & gatas mais lindos do pedaço, dez semifinalistas, cinco finalistas, transei todos. Saí sem parar. De bar em bar, telefone tocando sem parar. Explodindo de vitalidade e saúde e sedução: capacidade de superação. Puxa, gente, como sou maravilhoso, como sou maduro e equilibrado, como sei dar a volta por cima, como não sou careta, como sou moderno e liberadésimo. Aí, desabou. Dez dias. De manhã bem cedo, chegando da vida, percebi uma pequena rachadura na parede externa do edifício. Avançava lentissimamente. Ao meio-dia rachou de alto a baixo. O edifício veio ao chão: me interna, pedi pra mãe, estou infeliz pra caralho. Peguei o pacote de cartas que tinha pedido de volta (fiz absolutamente todos os números, o problema é que a plateia estava vazia: ninguém aplaudiu minha melhor sequência de sapateado), coloquei aos pés de Ogum. 
 
E agora, Caio F.? Agora, estou amanhecendo. Ah, me digo, então era assim. Essa coisa, o amor. Já conheço? Já conheço. Mas como é mesmo que se chama? Também não estou certo se estarei mesmo amanhecendo. Talvez, sim, anoitecendo, essas luzes penumbrosas são muito parecidas. Não sei muita coisa. Quase nada. Pedi? Levei. Nunca tinha sido tão intenso, nem tão bonito. Nunca tinha tido um jeito assim, tão forever. Não me diga que vai passar, vai passar, vai passar, vai passar. Não me diga que foi ótimo, o que você queria, a eternidade? Não me peça para não te encher o saco lamuriando. Posso não saber nada do coração das gentes, mas tenho a impressão, de que, de tudo, o pior é quando entra a segunda parte da letra de “Atrás da porta”, ali no quando “dei pra maldizer o nosso lar pra sujar teu nome, te humilhar”. Chico Buarque é ótimo pra essas coisas. Billie Holiday é ótima pra essas coisas. E Drummond quando ensina que “o amor, caro colega, esse não consola nunca de núncaras”. Aí você saca que toda música, toda letra, todo poema, todo filme, toda peça, todo papo, todo romance, tudo e todos o tempo todo, antes, agora e depois, falam disso. Que o que você sente é único & indivisível e é exatamente igual à dor coletiva, da Rocinha a Biarritz. O coro de anjos de Antunes Filho levanta no ar, em triunfo, os corpos mortos de Romeu e Julieta enquanto os Beatles pedem um little help from my friends, e a plateia ainda aplaude de pede bis (o Gonzaguinha também é ótimo pra essas coisas). Meus amigos, abandonados para que eu pudesse mergulhar, voltaram a mil. Tem seus prazeres o fim do amor. Se é patologia, invenção cristã-judaico-ocidental-capitalista, ou maya, ego, se é babaquice, piração, se mudou-através-dos-tempos, puro sexo, carência, medo da morte: não interessa. Tenho certeza que estive lá, naquele terreno. Ele existe.  
Por isso falo dele: Joyce e Paula me pediram elucubrações, as minhas são estas. Estou contando a vocês que estou fazendo elucubrações sobre o amor porque provavelmente, de uma outra forma vocês aí que me leem, talvez com tédio, também estão pensando a mesma coisa. O bicho homem não faz outra coisa a não ser pensar no amor. Até as relações de produção, a luta de classes, a ecologia, o jogo pelo poder: tudo, questão de amor. Formas de amor. Amor é palavra que inventamos para dar nome ao Sol abstrato em torno do qual giram nossos pequeninos egos ofuscados, entontecidos, ritmados. A vida toda. Mas se me perguntarem o que quero dizer com isso, não tenho resposta.

O que quero dizer é justamente o que estou dizendo. Não estou com pena de mim. Tá tudo bem. Tenho tomado banho, cortado as unhas, escovado os dentes, bebido leite. Meu coração continua batendo - taquicárdico, como sempre. Dá licença, Bob Dylan: it’s all right man, I’m just bleeding. Tá limpo. Sem ironias. Sem engano. Amanhã, depois, acontece de novo, não fecho nada, não fechamos nada, continuamos vivos e atrás da felicidade, a próxima vez vai ser ainda quem sabe mais celestial que desta, mais infernal também, pode ser, deixa pintar. Se tiver aprendido lições (amor é pedagógico?), até aproveito e não faço tanta besteira. Mas acho que amor não é cursinho pré-vestibular. Ninguém encontra seu nome no listão dos aprovados. A gente só fica assim. Parado olhando a medida do Bonfim no pulso esquerdo, lado do coração e pensando, pois é, vejam só, não me valeu.”



[Texto de Caio Fernando Abreu na revista Around, por volta de 1985. Retirado do livro “Para sempre teu, Caio F.”, de Paula Dip.]
 
 
 
*O texto encontrei aqui 
 
 
 
 
 
 
 

domingo, 27 de novembro de 2011



Hoje eu queria alguém que me dissesse que eu não precisava me preocupar.

                  


Caio Fernando Abreu








Assustada com o amor? Ah, não. 
Tanta gente querendo, tanta gente sentindo falta. 
E você de repente abençoada - e confusa? 
Fica não. 


Caio F. Abreu












 
Eu não tenho mais tempo para ser aquela pessoa certa na tua hora errada. 
 Marla de Queiroz
 
 **Sorry baby!
 
 



quinta-feira, 24 de novembro de 2011


Fim de tarde. Dia banal, terça, quarta-feira. Eu estava me sentindo muito triste. Você pode dizer que isso tem sido freqüente demais, ou até um pouco (ou muito) chato. Mas, que se há de fazer, se eu estava mesmo muito triste? Tristeza-garoa, fininha, cortante, persistente, com alguns relâmpagos de catástrofe futura. Projeções: e amanhã, e depois? e trabalho, amor, moradia? o que vai acontecer? Típico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerá. Relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza, Deus dará. Essas coisas meio piegas, meio burras, eu vinha pensando naquele dia. Resolvi andar. Andar e olhar. Sem pensar, só olhar: caras, fachadas, vitrinas, automóveis, nuvens, anjos bandidos, fadas piradas, descargas de monóxido de carbono. Da praça Roosevelt, fui subindo pela Augusta, enquanto lembrava uns versos de Cecília Meireles, dos Cânticos: “Não digas ‘Eu sofro’. Que é que dentro de ti és tu? / Que foi que te ensinaram/ que era sofrer ?” Mas não conseguia parar. Surdo a qualquer zen-budismo, o coração doía sintonizado com o espinho. Melodrama: nem amor, nem trabalho, nem família, quem sabe nem moradia – coração achando feio o não-ter. Abandono de fera ferida, bolero radical. Última das criaturas, surto de lucidez impiedosa da Big Loira de Dorothy Parker. Disfarçado, comecei a chorar. Troquei os óculos de lentes claras pelos negros ray-ban – filme. Resplandecente de infelicidade, eu subia a Rua Augusta no fim de tarde do dia Tão idiota que parecia não acabar nunca. Ah! como eu precisava tanto de alguém que me salvasse do pecado de querer abrir o gás. Foi então que a vi. Estava encostada na porta de um bar. Um bar brega – aqueles da Augusta-cidade, não Augusta-jardins. Uma prostituta, isso era o mais visível nela. Cabelo malpintado, cara muito maquiada, minissaia, decote fundo. Explícita, nada sutil, puro lugar comum patético. Em pé, de costas para o bar, encostada na porta, ela olhava a rua. Na mão direita tinha um cigarro, na esquerda um copo de cerveja.
E chorava, ela chorava. Sem escândalo, sem gemidos nem soluços, a prostituta na frente do bar chorava devagar, de verdade. A tinta da cara escorria com as lágrimas. Meio palhaça, chorava olhando a rua. Vez em quando, dava uma tragada no cigarro, um gole na cerveja. E continuava a chorar – exposta, imoral, escandalosa – sem se importar que a vissem sofrendo. Eu vi. Ela não me viu. Não via ninguém, acho. Tão voltada para a própria dor que estava, também, meio cega. Via pra dentro: charco, arame farpado, grades. Ninguém parou. Eu, também, não. Não era um espetáculo imperdível, não era uma dor reluzente de néon, não estava enquadrada ou decupada. Era uma dor sujinha como lençol usado por um mês, sem lavar, pobrinha como buraco na sola do sapato. Furo na meia, dente cariado. Dor sem glamour, de gente habitando aquela camada casca grossa da vida. Sem o recurso dessas benditas levezas de cada dia – uma dúzia de rosas, uma música de Caetano, uma caixa de figos. Comecei a emergir. Comparada à dor dela, que ridícula a minha, dor de brasileiro-médio-privilegiado. Fui caminhando mais leve. Mas só quando cheguei à Paulista compreendi um pouco mais. Aquela prostituta chorando, além de eu mesmo, era também o Brasil. Brasil 87: explorado, humilhado, pobre, escroto, vulgar, maltratado, abandonado, sem um tostão, cheio de dívidas, solidão, doença e medo. Cerveja e cigarro na porta do boteco vagabundo: carnaval, futebol. E lágrimas. Quem consola aquela prostituta? Quem me consola? Quem consola você, que me lê agora e talvez sinta coisas semelhantes? Quem consola este país tristíssimo? Vim pra casa humilde. Depois, um amigo me chamou para ajudá-lo a cuidar da dor dele. Guardei a minha no bolso. E fui. Não por nobreza: cuidar dele faria com que eu me esquecesse de mim. E fez. Quando gemeu “dói tanto”, contei da moça vadia chorando, bebendo e fumando (como num bolero). E quando ele perguntou “porquê?”, compreendi ainda mais. Falei: “Porque é daí que nascem as canções”. E senti um amor imenso. Por tudo, sem pedir nada de volta.
Não-ter pode ser bonito, descobri. Mas pergunto inseguro, assustado: a que será que se destina?



Caio F. Abreu



* Textos profundos e perfeitos. Sempre...











Tem dias que a vida parece estar acontecendo em outro lugar.

 
Gabito Nunes













Não escreva o que sentiria se acordasse comigo. Acorde comigo. Não imagine meu cheiro. Me cheire. Não fantasie meus gemidos. Me faça gemer. O amor só existe enquanto amar.  
Ação. Calor. Verbo. Presença. Milímetros. Hálito.


Gabito Nunes











 

Felizes são aqueles que não se preocupam em entender o que aconteceu, só continuam...

 
- Que dia é hoje?
- Quinze meses e vinte dias depois.
- Sério que você conta?
- Dia sim dia não, para ter algo pelo qual declarar saudade e pensar nostalgicamente enquanto deito a cabeça na janela do ônibus e deixo o pensamento te encontrar.
- Uma espécie de masoquismo?
- Não, você é a saudade que eu gosto de ter.
- E você a que eu gostaria de nunca mais sentir.
- Nunca mais sentir devido à minha presença constante ou à sua total indiferença à minha ausência?
- Sinceramente? De qualquer forma que aliviasse meu peito de sentimentos que só prometem e nunca são e me tornasse capaz de, mais uma vez, experimentar o prazer do voo em vez dessa imobilidade angustiante.
- E se você pudesse escolher uma dessas formas?
- No amor a gente nunca escolhe.
- Mas e se pudéssemos?
- Jamais escolheria a sua presença.
- Por quê?
- Porque nesse mundo em que amor não se escolhe e o que a gente escolhe nunca é, não quero correr o risco de te escolher e não ter. Quero sempre o risco de poder cruzar com você, mais uma vez e sempre, numa dessas esquinas.
- Já que a gente não escolhe, essa história de amor poderia ser ao menos simples. A gente se cruza numa esquina e nunca mais desfaz o abraço, nunca mais conhece motivos pra se afastar, nunca mais deixa qualquer um outro entrar nesse jogo, além de nós dois.
- Mas o amor é simples, a gente é que complica.
- A gente: eu e você ou a gente: o mundo inteiro.
- A gente.
- Como assim?
- Quando eu te perguntei o dia, bastava que você dissesse a data de hoje. Simples. Não precisava que você revirasse o passado nem entrasse em explicações que acabaram por remexer em cicatrizes. Bastava que fosse a data de hoje e eu diria que era um ótimo dia pra desenharmos mais uma esquina e nos cruzarmos por lá. Mas no passado não há como interferir. Só no agora. Poderia ser simples como 1 + 1, mas a gente faz do amor uma equação com incógnitas demais para qualquer coração. Felizes são aqueles que não se preocupam em entender o que aconteceu, só continuam. Aprendem, não reviram mágoas. Se dão mais chances, acreditando no que foi bom. Seguem em frente, não supervalorizam dores.
- E quem são essas pessoas?
- Por que não a gente? Ainda dá tempo, antes do precipício tem espaço para improvisarmos uma esquina e um encontro que não precisa acabar.
- Esquece o que eu disse, hoje é dia de começar de novo. Eu e você. A gente. E só. Sem passado ou nenhuma outra pessoa. A gente. E nos bastamos.
 
 
 
Nicole Furtado

 


quarta-feira, 23 de novembro de 2011


Os homens sempre perguntam se dói usar salto alto... Dói, dói sim. Mas nós mulheres aprendemos a suportar a dor sem cair. Mesmo quando o assunto, não é sapato.

Tati Bernardi












 

 

E entre tudo que ele poderia ser pra mim, ele escolheu ser saudade...

 

C.F.A.






Há pouco ouvi Quereres, e me impressiona sempre como está tudo ali — todos os labirintos e desencontros de afetividade. Ah, bruta flor do querer.

 


 
Caio F. Abreu









*AMO essa música!!!











terça-feira, 22 de novembro de 2011



Outra coisa que eu penso quando me lembro daquelas uvas cor-de-rosa é que, na vida, as coisas mais doces custam muito a amadurecer.


C.F.A. 












Não crie arrependimentos por aquilo que não foi feito... Sejamos mais reais em nossas dores.

Carpinejar











O olho vê,
a lembrança revê
e a imaginação transvê.


 
Manoel de Barros










segunda-feira, 21 de novembro de 2011


E o que não deu certo, que se perca em minhas memórias... 
*Desconheço autoria
 
 
 
 
 

 
Você seria só mais um dos chicletes que masco para distrair o dia, se não viesse com a capacidade incrível de recuperar o sabor o tempo todo.

Tati Bernardi
 
 
 
  




*Também adoro convites feito pelo olhar. 
**PERFEITO









sábado, 19 de novembro de 2011

 
 
Desisti de me censurar.


Fabrício Carpinejar
 

 


 
 
 
 
 
 

 
 


- O que te faz lembrar de mim?
- Queimaduras.
- Por quê?
- Porque é aquela dor isolada, em um pequeno espaço do seu corpo, mas que consegue desviar a atenção de todo o seu ser. Aquela ardência contínua, que não te deixa esquecer nem por um segundo. Que atrapalha, judia. E se você tocar, fica cada vez pior.



Jade Stephanny






















Então, eles disseram:

_ se não temos ondas,
pulamos estrelas.

E assim foi.


Be Lins






*Vivendo daquilo que é possível! Não por corvadia, mas porque entendi que as pessoas não são perfeitas e nem as coisas saem sempre de acordo com nossa vontade ;)






sexta-feira, 18 de novembro de 2011

quinta-feira, 17 de novembro de 2011


















Publicar um texto é um jeito educado de dizer 
"me empresta seu peito porque a dor não tá cabendo só no meu."




 
Tati Bernardi











Mulher tem faro, não se contenta com a embalagem. É bem mais comum ver uma mulher linda acompanhada de um homem aparentemente sem graça do que o contrário. Não é (só) porque a concorrência é implacável e nos contentamos com o que sobra. É porque mulher tem raio-x: consegue olhar o que se esconde lá dentro. Se além de um belo coração e um cérebro em atividade ele ainda for apetecível, é lucro. Pena que a recíproca raramente seja verdadeira. Economizaríamos fortunas em cabeleireiros e academias se os homens fossem direto ao que interessa, na alma e no espírito, para os quais não adianta maquiagem.
 
 
Martha Medeiros
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


- Seria mentira se eu dissesse que ainda te amo.
- Seria mentira se você dissesse que não me ama mais.
- E então?
- Então estamos perdidos.
- Sempre estivemos. E ninguém nunca nos deu um mapa.
- Talvez não exista um.
- Eu só quero fugir.
- Fugir não vai fazer você se encontrar.
- Eu me encontrei no momento em que nos perdemos.
- Parece contraditório, não?
- Foi o que me restou: me agarrar a mim ou enlouquecer.
- Então pra que fugir?
- Pra desatar o nó de nós, pra nascer de novo, pra sair desses zeros da meia noite e começar um novo dia. Estar suspensa nesse vácuo em que te amar não é mentira nem verdade, me faz mal. Corrói meu coração, ocupa um espaço que eu poderia oferecer pra outro alguém. Essa meia noite em que estou me dá vontade de amanhecer, de girar os ponteiros do relógio por minhas próprias mãos, de assumir o controle desse trem. Meia noite, parada no vácuo, não é ontem, não te amo, mas não é amanhã, não posso dizer que não te amo mais. É o quê então? Alguém tem a resposta? Alguém tem um mapa, uma bússola, um relógio que não esteja parado no tempo?
- Você não mudou. Quer dizer, sim, mudou eu sei, seu cabelo está mais curto, sua franja mudou de lado, você emagreceu. Mas não falo disso, falo dessa sua mania de controle. Você sempre precisou ter algum controle, alguma defesa pronta, alguma ação pré-determinada. Nunca conseguiu ver um papel no chão e não pegar, uma amiga chorando e não socorrer, uma pergunta no ar e não responder. Você sempre resolveu as coisas, ou pelo menos tentou. Te admiro por isso. Mas talvez agora você deva parar. Apenas se deixar levar. Talvez tudo ainda doa demais porque além de te ferir por ser um amor não resolvido, fere suas defesas, fere o que você costumava ser e agora não consegue.
- Eu sei, mas... mas não saber o que fazer me paralisa. Não ando pra trás porque não sei se te amo o suficiente pra arriscar tudo de novo, e não ando pra frente porque não consigo enxergar além desse amor. Amor que eu sinto. Mas que não sinto. E só sei que existe.
- Amor. Como você sabe que é ou não é?
- Se fosse amor eu não cogitaria outra alternativa senão quebrar o relógio às 23:59.
- Mas talvez mesmo seguindo em frente seja amor. Talvez seja amor mesmo quando a gente precisa avançar pra 00:01. Quando o amor precisa continuar sendo, ele é. E isso você precisa aceitar: você não pode controlar.
- E então?
- Então estamos perdidos.
- E isso, pelo que parece, eu também não posso controlar.
- Será que alguém pode?
- Alguém chamado nós, talvez.
- (...)
- Seu silêncio é como a meia noite pra mim. E é disso que eu preciso fugir. Adeus, você.
- Adeus. Até o ponto, até a virada de ponteiro que une novamente nossas rotas perdidas.


(Meu professor de filosofia tem uma filosofia bonita sobre a meia noite: é o infinito do tempo. Ao mesmo tempo que é a última hora de um dia, é a primeira hora do outro; um minuto a mais é um dia, um minuto a menos é outro. Tomei a liberdade de me apropriar dela e fico por aqui, elaborando milhões de possibilidades pra essa peculiaridade tão bonita, pensando que às vezes a nossa vida é bem assim: meia noite. Nem ontem nem amanhã, ontem e amanhã, uma suspensão mínima do tempo. Quando nossas escolhas não estão bem certas, nossos caminhos estão parados, e a gente respira na hora zero da vida pra pensar que rumo tomar. Talvez eu esteja só filosofando bolinhas aleatórias, mas a questão é que eu achei incrível tudo isso e sou apaixonada por metáforas.)
 
 
Nicole Furtado
*Texto lindo.... encontrei aqui
 
 
 
 
 
 





quarta-feira, 16 de novembro de 2011

 

Mas tô ótimo, voltei até a usar reticências e pontos de exclamação.

Caio F. Abreu 










 
 
 
 
 
 
Ouço músicas, e encontro a nossa história no meio das letras.
Caio Fernando Abreu