quarta-feira, 27 de junho de 2012

A paixão é para todos, o amor é para poucos...



"Gosto demais do Fabricio Carpinejar, de quem tenho o privilégio de ser amiga. E é para prestigiá-lo que abro essa crônica com uma citação extraída da ótima entrevista que ele deu para a revista Joyce Pascowitch: “O início da paixão é estratosférico, as pessoas não param quietas exibindo tudo que podem fazer. Depois passam a confessar o que realmente querem. A paixão é mentir tudo o que você não é. O amor é começar a dizer a verdade”.

É mais ou menos isso. No começo, a sedução é despudorada, inclui, não diria mentiras, mas um esforço de conquista, uma demonstração quase acrobática de entusiasmo, necessidade de estar sempre junto, de falarem-se várias vezes por dia, de transar dia sim, outro também.

A paixão nos aparta da realidade, é um período em que criamos um universo paralelo, é uma festa a dois em que, lógico, há sustos, brigas, desacordos, mas tudo na tentativa de se preparar para algo muito maior. O amor.

É aí que a cobra fuma. A paixão é para todos, o amor é para poucos.

Paixão é estágio, amor é profissionalização. Paixão é para ser sentida; o amor, além de ser sentido, precisa ser pensado. Por isso tem menos prestígio que a paixão, pois parece burocrático, um sentimento adulto demais, e quem quer deixar de ser adolescente?
A paixão não dura, só o amor pode ser eterno. Claro que alguns casais conseguem atingir o Éden – amarem-se apaixonadamente a vida inteira, sem distinção das duas “eras” sentimentais. Mas, para a maioria, chega o momento em que o êxtase dá lugar a uma relação mais calma, menos tórrida, quando as fantasias são substituídas pela realidade: afinal, o que se construiu durante aquele frenesi do início? Uma estrutura sólida ou um castelo de areia?

Quando a paixão e o sexo perdem a intensidade é que aparecem os pilares que sustentam a história – caso existam. O que alicerça de fato um relacionamento são as afinidades (não podem ser raras), as visões de mundo (não podem ser radicalmente opostas), a cumplicidade (o entendimento tem que ser quase telepático), a parceria (dois solitários não formam um casal), a alegria do compartilhamento (um não pode ser o inferno do outro), a admiração mútua (críticas não podem ser mais frequentes que elogios), e principalmente, a amizade (sem boas conversas, não há futuro).

Compatibilidade plena é delírio, não existe, mas o amor requer ao menos uns 65% de consistência, senão o castelo vem abaixo.

O grande desafio dos casais é quando começa a migração do namoro para algo mais perene, que não precisa ser oficializado ou ter a obrigação de durar para sempre, mas que não pode continuar sendo frágil. Claro que todos querem se apaixonar, não há momento da vida mais vibrante. Mas que as “mentirinhas” sedutoras do início tenham a sorte de evoluir até se transformarem em verdades inabaláveis."




(Martha Medeiros - Jornal Zero Hora - 10 junho 2012)






terça-feira, 26 de junho de 2012





"Ela queria outra coisa.

- Que coisa?


- Nem ela sabia. Repetia isso o dia inteiro:


Quero outra coisa, eu quero encontrar outra coisa."






(Caio Fernando Abreu - Onde Andará Dulce Veiga? )











A música vive me emprestando saudade... 



Carpinejar







segunda-feira, 25 de junho de 2012





Antes de qualquer coisa não pense que isso é um mérito seu, não te esquecer foi minha escolha. Honro minhas lembranças, não desprezo o tempo que dediquei para alguém, não ignoro os poemas que li, não esqueço os sonhos que tive. Na verdade, não tem nada a ver com você, tem a ver com nós. Eu e você separados somos planos diferentes.
Se isso te faz feliz, não irei te esquecer. Não irei jogar pela janela os minutos que construi olhando para você, nem vou apagar tua voz abafada debaixo das cobertas das madrugadas, não vou trocar a cor da sala que escolhemos, não vou mudar os móveis de lugar para tentar acabar com o espaço que sobrou na sua ausência.
Quando penso em você quase nada abala. Dói mais quando penso em nós. E quando penso em nós ainda te amo, por isso não vou trocar teu nome seguido de amor no telefone, pois ainda me incomoda a possibilidade de que encontre alguém melhor, porque ainda me desconcerta a idéia que você possa se abrir para outra pessoa. Mantenho seu nome entre meus favoritos, ainda seu sobrenome assina com o meu no final.
Você parou para pensar que tínhamos quase tudo para sermos felizes? Mas quase ainda era muita coisa na nossa história. O quase incluía o descuido, a pressa, os outros compromissos menos necessários, nunca lembramos da velha frase de que o urgente não é o mais importante. A culpa não foi minha, não foi sua. A culpa foi nossa, veio depois, veio quando não entendemos que estavámos juntos não para dividir, mas para somar.
A felicidade brilha, resplandece no vocabulário. Tem lugar garantido no dicionário, nos sonhos, nos projetos de vida. Sempre pensamos na felicidade como um dia, e não no dia em que nos encontramos e a paixão nos dilacerou. A gente esquece do valor das coisas. Mas eu não vou te esquecer, uma conquista deve ser guardada, pode ser uma pessoa inteira, pode ser um minuto em que os olhos se cruzaram. Cada um sabe o que é valioso para si.
O que conquistei de você me pertence.


Cáh Morandi







Não passam as dores, também não passam as alegrias. Tudo o que nos fez feliz ou infeliz serve pra montar o quebra-cabeça da nossa vida, um quebra-cabeça de cem mil peças. Aquela noite que você não conseguiu parar de chorar, aquele dia que você ficou caminhando sem saber para onde ir, aquele beijo cinematográfico que você recebeu, aquela visita surpresa que ela lhe fez, o parto do seu filho, a bronca do seu pai, a demissão injusta, o acidente que lhe deixou cicatrizes, tudo isso vai, aos pouquinhos, formando quem você é. Não há nenhuma peça que não se encaixe. Todas são aproveitáveis. Como são muitas, você pode esquecer de algumas, e a isso chamamos de “passou”. Não passou. Está lá dentro, meio perdida, mas quando você menos esperar, ela será necessária para você completar o jogo e se enxergar por inteiro.

Martha Medeiros



Há uns que nos falam e não ouvimos; 
há uns que nos tocam e não sentimos; 
há aqueles que nos ferem e 
nem cicatrizes deixam, mas… 
há aqueles que simplesmente
vivem e nos marcam por toda vida.
Hannah Arendt










E a saudade continua assinando embaixo de cada história sem 

final feliz.



Ju  Fuzetto












terça-feira, 19 de junho de 2012






**Retirei daqui







Mais vale sonhos voando que um conformismo nas mãos...




Então os anos passam e você entende que boa parte de tudo que sonhou não vai acontecer. A maturidade te obriga a pagar contas, ter emprego fixo e garantir o fundo de garantia para uma velhice tranquila. Aos poucos, a bagagem dos sonhos começa a pesar e decidimos ir abandonando as vontades pelo caminho. Mudamos nossas atitudes e nos conformamos com o que a vida nos reservou. Alguns sentam e lamentam, outros relaxam e continuam querendo. Eu faço parte da segunda categoria. Posso adormecer um sonho, mas vira e mexe vou até ele e mostro que ainda estou aqui. Outras vezes finjo que esqueci da sua existência, mas o amarro bem perto pra ele não fugir. Muitos sonhos vão sobrevoar nossa vida e aqui do chão parecerão impossíveis de serem alcançados. Mas eu não desisto e estendo meu braço. Além disso, os obstáculos do cotidiano vão cortar as asas do nosso pensamento fazendo muito do que queremos tornar-se impossível. É verdade, pode ser que eu de fato não consiga chegar até eles, mas a confiança já faz de mim uma pessoa bem melhor.





*Texto e título são da Fernanda Gaona











Ele parece que veio para amenizar todo e qualquer peso que ainda insistia em ser. 

O moço era só leveza.




Babiana Benites 






segunda-feira, 18 de junho de 2012



Tava doendo muito, então eu sorri, e mais uma vez ninguém percebeu...





Desconheço autoria










Te quero. Te quero molhado, com o cabelo despenteado, com cara de sono, com sorriso malicioso, com olhar sincero. Te quero sorrindo, bravo, nervoso, emburrado, feliz, chateado, triste. Te quero lindo, te quero feio, te quero desarrumado, te quero perfumado. Te quero na sala, no quarto, na rua, tanto faz. Te quero aqui, te quero acolá. 

Te quero para transformar eu e você em nós.





Tati Bernardi









Tenho razão para sentir saudade de ti,
de nossa convivência em falas camaradas,
simples apertar de mãos, nem isso, voz
modulando sílabas conhecidas e banais
que eram sempre certeza e segurança.



Carlos Drummond de Andrade







sexta-feira, 15 de junho de 2012




Ela é assim! Pronto.Mas assim como? Explica!
Ela é assim um mix de tudo que se possa imaginar dentro de uma grande capacidade de apenas não ser nada em definitivo. Ela é aquilo que não consegue se encaixar em moldes pré-existentes, parece que ninguém nunca foi antes dela. Ela se incomoda com isso, às vezes, muito. Ela é cheia de sentimentos, parece que suas experiências se manifestam é no dorso do seu colo, e quase sempre, de vez em quando, tudo isso pesa. Mas não tem modo, não existe maneira que a faça ser diferente. E ainda, graças a Deus, ela é diferente. 
Algo que pesa e que tem o dom da leveza, algo que chora e que se manifesta em sorrisos, algo de forte, mas que se desmancha quando encontra a água.



Clarice Lispector












Estou felizmente mais doida.




Clarice Lispector











quinta-feira, 14 de junho de 2012



Quantas vezes tentaram adivinhar o que sentíamos, e erraram. Julgaram nossas ações, e erraram. Tiveram certeza sobre os nossos propósitos, erraram. O que somos de verdade e o que queremos de fato, só nós sabemos

Só nós!!!





Martha Medeiros 







quarta-feira, 13 de junho de 2012



E  seguir sempre em linha reta te tira a chance de tropeçar nas surpresas que a VIDA te reservou. 
Não tenha pressa de viver, não tenha pressa de acertar, pois a vida, acontece nos detalhes, nas curvas e até nos tropeços... 
Então, ande por todos os caminhos, desfrute, gaste, abuse dessa coisa chamada vida.



Fernanda Barcellos









terça-feira, 12 de junho de 2012



"Não existem vários tipos de amor, assim como não existem três tipos de saudades, quatro de ódio, seis espécies de inveja. O amor é único, como qualquer sentimento, seja ele destinado a familiares, ao cônjuge ou a Deus. A diferença é que, como entre marido e mulher não há laços de sangue, a sedução tem que ser ininterrupta. Por não haver nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança acabamos por sepultar uma relação que poderia ser eterna.

Casaram. Te amo prá lá, te amo prá cá. Lindo, mas insustentável. O sucesso de um casamento exige mais do que declarações românticas. Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto, tem que haver muito mais do que amor, e às vezes nem necessita de um amor tão intenso. É preciso que haja, antes de mais nada, respeito. Agressões zero. Disposição para ouvir argumentos alheios. Alguma paciência.

Amor, só, não basta. Não pode haver competição. Nem comparações.

Tem que ter jogo de cintura para acatar regras que não foram previamente combinadas. Tem que haver bom humor para enfrentar imprevistos, acessos de carência, infantilidades. Tem que saber levar.

Amar, só, é pouco. Tem que haver inteligência. Um cérebro programado para enfrentar tensões pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas, contas pra pagar. Tem que ter disciplina para educar filhos,dar exemplo, não gritar. Tem que ter um bom psiquiatra. Não adianta, apenas, amar.

Entre casais que se unem visando a longevidade do matrimônio tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância, vida própria, um tempo pra cada um. Tem que haver confiança. Uma certa camaradagem, às vezes fingir que não viu, fazer de conta que não escutou. É preciso entender que união não significa, necessariamente, fusão. E que amar, “solamente”, não basta.

Entre homens e mulheres que acham que o amor é só poesia, tem que haver discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser bom, pode durar para sempre, mas que sozinho não dá conta do recado.

O amor é grande mas não é dois. É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência. O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta.




Um bom Amor aos que já têm!
Um bom encontro aos que procuram!
E felicidades a todos nós!"


(Martha Medeiros - Trem-bala)




segunda-feira, 11 de junho de 2012




De todas as dificuldades que uma pessoa tem de  

enfrentar, a mais sofrida é, sem dúvida, o simples ato 

de esperar.






(Khaled Hosseini - A Cidade do Sol)








sexta-feira, 8 de junho de 2012



Era só daquele abraço e daquela mão, entrelaçada na minha, que eu precisava. Era de você, moço. Era daquele sorriso, tão largo e tão teu, vindo de encontro ao meu. Lindo sorriso.





Bibiana Benites






quinta-feira, 7 de junho de 2012







Não se iluda:


-você nunca vai deixar de olhar para trás
se o que ficou para trás IMPORTOU...
Se a lembrança é das boas, nunca.




[será cada vez pior]








Be Lins






*Texto e foto retirei daqui






quarta-feira, 6 de junho de 2012





Dê o seu melhor ou dê o fora, mas dê.


A vida gosta mesmo é de quem se posiciona!






Fernanda Gaona

















segunda-feira, 4 de junho de 2012



Pra me esvaziar da saudade, vou me encher de mim. Justo! 

Preencho com a minha presença a sua ausência. 

E me basto.





Fernanda Estellita

















As mulheres não foram feitas para a fuga.
Quando correm é porque desejam ser perseguidas.




Rousseau