segunda-feira, 30 de janeiro de 2012





Chorei vinte e sete minutos ininterruptamente naquele banheiro. 
Senti uma solidão profunda, devastadora, invencível, arrebatadora e (in)explicável...
 
 
 
 
Tati Bernardi 
 
 
 
 
 
 
 

domingo, 29 de janeiro de 2012

Sobra tanta falta...




SAUDADE: Lembrança melancólica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoa(s) ou coisa(s) distante(s) ou extinta(s).





*E hoje eu sou só saudade...



**O Tílulo é do Teatro Mágico














Ele sol. Ela girassol. Separados por imperativos categóricos.






Lia Araújo














Eu queria ser chantageado pelo implacável amor verdadeiro, e ser obrigado a viver uma história de verdade.


Gabito Nunes













Quem era ela?

 
 
 
O que estaria por trás daquele sorriso? Tristeza camuflada? Vingança? Frieza? Talvez fosse apenas felicidade, simples e óbvia. Mas quem disse que ela era óbvia?
Se nem Freud conseguiu dizer com exatidão, apenas revelou que era um continente obscuro. Como ela, que nada entendia de comportamento humano saberia indicar a saída do labirinto? 
Era c...omo desvendar o sorriso de Monalisa.
Quantas habitavam sua mente, seus quereres e qual predominava?
Descobriu que as pessoas não mudam, ela não mudou. Continuava ciumenta, teimosa, encrenqueira e sabia ser doce, contar histórias, inventar personagens, mudar as lentes da realidade em busca do cenário do sonho.
Sabia quem era, mulher, mãe, amiga, amante, cigana e outras tantas. Sentia saudade do cheiro da verdade, daqueles que dizem o que pensam, mas principalmente daqueles que não fazem a menor idéia para onde estão indo, por não possuírem a arrogância dos que sabem tudo. Preferiu deixar suas gavetas internas bagunçadas, era assim que se achava.
Sentia as pinceladas do vento no rosto e gostava do arco-íris feito de riso. Ela era a pressa encolhida no meio da timidez ou a garra que a segurava na loucura. Era o passaporte rápido pro inferno, com direito a serenata de anjos de vez em quando. Todos os medos não cabiam na proporção exata, eram eles que a cobriam de luz e as vezes de escuridão.
Além de mulher, ela era o presente de um verão perfeito, o preto e branco ocasional do inverno e a presença inoportuna da primaveira no meio de um outono esvoaçante.
Sim, ela preferia a incerteza dos amores amassados na gaveta, do que a perfeição traiçoeira de um amor alinhado e démodé. Ela almejava as nuvens sem se importar com a indisposição da chuva, porque além de secar-se sob o sol ela pendurava todas as perguntas na cara do vento.
 
 
Ju Fuzetto
*Encontrei   aqui
 
 
 
 
 
 
 
  

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012


 
 
E no meio de tanta gente eu encontrei você
Entre tanta gente chata sem nenhuma graça,
Você veio...
E eu que pensava que não ia me apaixonar
Nunca mais na vida.

 
 Marisa Monte
 
 
 
 
 

 
 
Estou no começo do meu desespero, e só vejo dois caminhos:
ou viro doida, ou santa...

 
Adélia Prado
 
 
 
 
 
 
 

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

 
 
Quando criança era assim, não existiam muitas escolhas.
Não se podia andar descalço nem molhar na chuva: constipava.
Menina bonita tinha o cabelo longo, e meninos cabelos curtos.
Manga com leite não podia, nem banana antes de dormir que dava pesadelos.
Papai e mamãe não gostavam, então eu não fazia.
Como boa menina, aprendi tudo o que me ensinaram,
mas ao contrário do esperado, eu constipava ao chupar manga 
e tinha pesadelos quando andava descalço.
Resolvi então cortar meus cabelos bem curtos e desaprender tudo!
Descobri um segredo precioso que não me ensinaram de pequena:
Quanto mais cresço, mais eu posso nascer.


Clara Gontijo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prometo não te ligar
Não escutar aquela música
Não olhar aquela foto
Que eu roubei de você.
Prometo nem mais te amar.



Fernanda Mello












segunda-feira, 23 de janeiro de 2012




- A senhora alguma vez já chorou como uma boba e sem saber por quê? Pois eu já!







Clarice Lispector  






**Nossa, muito minha cara isso ai!!! Acontece direto comigo!!!! rsrs











 




"Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos,
já não se adoçará junto a ti a minha dor.
Mas para onde vá levarei o teu olhar
e para onde caminhes levarás a minha dor.
Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos
uma curva na rota por onde o amor passou.
Fui teu, foste minha. Tu serás daquele que te ame,
daquele que corte na tua chácara o que semeei eu.
Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste.
Venho dos teus braços. Não sei para onde vou.
... Do teu coração me diz adeus uma criança.
E eu lhe digo adeus."

(Pablo Neruda)





É curioso como num relacionamento as pessoas começam e terminam do mesmo jeito: como dois estranhos". Não sei quem é o autor da frase, mas fiquei pensando na dolorida verdade dessas palavras. 

Há exceções, eu sei, como em tudo nessa vida, mas a maioria dos nossos relacionamentos acabam mesmo retornando ao clássico abismo da estranheza. Eu e você agora seremos apenas dois estranhos que um dia se viram, se encantaram, se aproximaram, se amaram, trocaram carícias, salivas e segredos para depois tornarem-se pólos contrários, repelindo-se mutuamente.

Pensar sobre o amor e sua efemeridade deixa um gosto amargo de melancolia na boca, é encarar o terrível nada, a dor do vazio. Pode ser e muito provavelmente foi: o vivido talvez nem tenha sido amor. Tanto faz. Estranho mesmo é a intimidade temporária conquistada e perdida, o desnudar-se diante do outro (enganam-se os que pensam que nudez só tem a ver com roupas) e o deparar-se de repente com o olhar de um desconhecido que nada diz porque nada mais sente.

Corpos que um dia se entrelaçaram nus, se descobriram, se conheceram. Bocas que se tocaram, se provaram, sentindo o gosto da outra como se fosse o seu. Sorrisos, suspiros, toques, olhares, beijos, momentos. Tudo agora transformou-se em sombras, páginas rasgadas, lágrimas secas e esquecimento.

Eu e você somos o que não mais existe, ilusões inúteis do que um dia poderíamos ter sido. Nosso amor foi uma criança tola e imprudente, que errou, brincou demais, fez uma bagunça enorme em nossas vidas e confundiu tudo dentro da gente. E nós, adultos sem piedade, o castigamos severamente e, sensatos, nos desfizemos dele enquanto era tempo. 

E agora não nos resta mais nada além do que somos: dois estranhos condenados ao suplício de se verem, porém incapazes de se enxergarem. Seguimos cegos, mudos e loucos, erguendo a cabeça, fingindo que não era nem nunca foi e tentando colar os pedacinhos partidos do que um dia foi o nosso coração. 



TAÍS KRUGMANN









 **Texto e imagem retirados do blog  Amor no singular










domingo, 22 de janeiro de 2012


 
Acalma esse coração, pequena, que desespero nunca resolveu problema...

 
Caio F. Abreu
 
 
 
 
 



















- Droga.
- O quê?
- Eu falando de gostar...
- E daí?
- E daí que vai acontecer tudo de novo.
- O quê?
- Vou sentir demais, falar demais, escrever demais, e você vai embora.



Tati Bernardi









sábado, 21 de janeiro de 2012



Eu queria te contar que não dói mais. Só que agora não importa tanto o que você vai pensar sobre isso.Queria que você soubesse que já vi nossos filmes milhares de vezes e nem chorei. Ok, chorei. Mas pelo filme, e não por você. Queria que você soubesse que tirei a poeira das nossas músicas, e que as ouço quase todos os dias. Porque elas me faziam mais falta do que você fez. Os nossos lugares não ...são mais nossos. Eu já voltei lá com outras pessoas, e escrevi lá outras histórias...Eu estou aprendendo a tocar violão. E a primeira música que toquei foi aquela música que era uma espécie de hino pra nós dois. Ela é tão linda...e sim, ela continua sendo muito nossa e lembrando demais você. Mas ainda sim, não dói.Você não pergunta essas coisas, mas sei que gostaria de saber. Porque te conheço. E isso não mudou.


Caio F. Abreu 










sexta-feira, 20 de janeiro de 2012






Lembrei que tinha lido em algum lugar que a dor é a única emoção que não usa máscara...



Caio Fernando Abreu












Dos ficantes aos namoridos...


 
 
Se você é deste século, já sabe que há duas tribos que definem o que é um relacionamento moderno.

Uma é a tribo dos ficantes. O ficante é o cara que te namora por duas horas numa festa, se não tiver se inscrito no campeonato “Quem pega mais numa única noite”, quando então ele será seu ficante por bem menos tempo — dois minutos — e irá à procura de outra para bater o próprio recorde. É natural que garotos e garotas queiram conhecer pessoas, ter uma história, um romance, uma ficada, duas ficadas, três ficadas, quatro ficadas... Esquece, não acho natural coisa nenhuma. Considero um desperdício de energia.

Pegar sete caras. Pegar nove “mina”. A gente está falando de quê, de catadores de lixo? Pegar, pega-se uma caneta, um táxi, uma gripe. Não pessoas. Pegue-e-leve, pegue-e-largue, pegue-e-use, pegue-e-chute, pegue-e-conte-para-os-amigos.

Pegar, cá pra nós, é um verbo meio cafajeste. Em vez de pegar, poderíamos adotar algum outro verbo menos frio. Porque, quando duas bocas se unem, nada é assim tão frio, na maioria das vezes esse “não estou nem aí” é jogo de cena. Vão todos para a balada fingindo que deixaram o coração em casa, mas deixaram nada. Deixaram a personalidade em casa, isso sim.

No entanto, quem pode contra o avanço (???) dos costumes e contra a vulgarização do vocabulário? Falando nisso, a segunda tribo a que me referia é a dos namoridos, a palavra mais medonha que já inventaram. Trata-se de um homem híbrido, transgênico.

Em tese, ele vale mais do que um namorado e menos que um marido. Assim que a relação começa, juntam-se os trapos e parte-se para um casamento informal, sem papel passado, sem compromisso de estabilidade, sem planos de uma velhice compartilhada — namoridos não foram escolhidos para serem parceiros de artrite, reumatismo e pressão alta, era só o que faltava.

Pois então. A ideia é boa e prática. Só que o índice de príncipes e princesas virando sapo é alta, não se evita o tédio conjugal (comum a qualquer tipo de acasalamento sob o mesmo teto) e pula-se uma etapa quentíssima, a melhor que há.

Trata-se do namoro, alguns já ouviram falar. É quando cada um mora na sua casa e tem rotinas distintas e poucos horários para se encontrar, e esse pouco ganha a importância de uma celebração.

Namoro é quando não se tem certeza absoluta de nada, a cada dia um segredo é revelado, brotam informações novas de onde menos se espera. De manhã, um silêncio inquietante. À tarde, um mal-entendido. À noite, um torpedo reconciliador e uma declaração de amor.

Namoro é teste, é amostra, é ensaio, e por isso a dedicação é intensa, a sedução é ininterrupta, os minutos são contados, os meses são comemorados, a vontade de surpreender não cessa — e é a única relação que dá o devido espaço para a saudade, que é fermento e afrodisíaco. Depois de passar os dias se vendo só de vez em quando, viajar para um fim de semana juntos vira o céu na Terra: nunca uma sexta-feira nasce tão aguardada, nunca uma segunda-feira é enfrentada com tanta leveza.

Namoro é como o disco “Sgt. Peppers”, dos Beatles: parece antigo e, no entanto, não há nada mais novo e revolucionário. O poeta Carlos Drummond de Andrade também é de outro tempo e é para sempre. É ele quem encerra esta crônica, dando-nos uma ordem para a vida: “Cumpra sua obrigação de namorar, sob pena de viver apenas na aparência. De ser o seu cadáver itinerante".
 
 
Martha Medeiros
 
 
 
 
 
 
 
 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

 
 
Coitado do tempo, sentadão numa mesa,
com um trilhão de problemas pra resolver....


Tati Bernardi
 
 
 
 
 
 
 


Então vá, engula o mundo. Prove venenos, descubra antídotos. Quebre a cara, conserte-a. Se espalhe, se junte quando achar que se perdeu de si. Chore de felicidade, chore de dor, chore quando quiser.  
Busque o que te falta.

 
 
Vitória de Melo Bispo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Brindo à casa, brindo à vida,
meus amores, minha família...
 
 
Marcelo Falcão 
 
 
 
 
 

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

 
 
Quem disse que ela não se apaixona? É moderninha, finge não ter um coração, mas ela é do tipo que se apaixona intensamente. Mas ela é diferente, ela não coloca o amor em primeiro lugar. Primeiro ela, depois ela de novo...
 
*Desconheço autoria 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


Dentro da igreja, ajoelhe-se. No estádio de futebol, grite pelo seu time. Numa festa, comemore. Durante um beijo, apaixone-se. De frente para o mar, dispa-se. Reencontrou um amigo, escute-o.

Ou faça de outro jeito, se preferir: dentro da igreja, escute-O. Durante um beijo, dispa-se. No estádio de futebol, apaixone-se. De frente para o mar, ajoelhe-se. Numa festa, grite pelo seu time. Reencontrou um amigo, comemore.

Esteja, entregue-se.








Martha Medeiros
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


O que vai ficar na fotografia são os laços invisíveis que havia.


(Fotografia - Leoni)








Você é riacho
E acho que teu rio corre pra longe do meu mar
Mar marvado seria o rio
Que correndo do meu riacho
Levaria o que acho
Pra onde ninguém pode achar.


O Teatro Mágico
[Camarada D'água
]




















Apaixonar-se é não ter para onde ir porque já se chegou. É não ter como fugir porque já se encontrou.


Fabrício Carpinejar









segunda-feira, 16 de janeiro de 2012















E nessa de cuidar, vou cuidar de mim. De mim, do meu coração e dessa minha mania de amar demais, de querer demais, de esperar demais. Dessa minha mania tão boba de amar errado.


Caio Fernando Abreu













Sim, como sentir falta de alguém que jamais chegou de verdade, alguém que depois de meia dúzia de palavras sem sentido, começa a morar dentro do seu cérebro oco e te faz desatinar de vez...
 

Ju Fuzetto












sexta-feira, 13 de janeiro de 2012




Não há palavra que traduza
o que somente uma pele grudada em outra pele
faz comunicar,

a paixão traz a alma

para a palma da mão!



[toque]



Be Lins


















E toda minha vida
fora condensada naquele instante
quando a tua mão agarrou-se à minha...

Pode uma coisa tão simples

ser tudo o que se quer levar dessa vida?



Be Lins









quinta-feira, 12 de janeiro de 2012






Se não era amor, era da mesma família....



Martha Medeiros



















Teria sido preferível que você partisse para a legião estrangeira depois daquele encontro... ah, teria sido o perfeito: um homem que me dava o maravilhoso e depois ia embora, sem tempo para me magoar, sem tempo de matar o sonho... nunca mais foi assim, nunca mais aquele encontro das primeiras descobertas... eu sabia que ia ser diferente da próxima vez, quando me despedi de você... mas, inevitavelmente, eu iria me encontrar com você e voltar, sempre e sempre, esperando que se repetissem a leveza e a entrega do primeiro encontro... mas isso parecia irrecuperável... não, você não era o Gary Cooper, nem nenhum daqueles galãs gentis do tempo da minha mãe... não, você não iria para a legião estrangeira, nem para a China, nem para nenhum lugar distante... eu teria que te ver todos os dias e, dia a dia, me entregar à tua maldição porque o meu lado escuro, essa parte maldita de mim, há tanto tempo adormecida, já tinha sido despertada e reconhecia em você o sujeito da minha perdição.



Maria Adelaide Amaral in "De braços abertos"