Equilíbrio
Queria que o mundo parasse de girar enquanto a gente se estabiliza depois de uma queda. Gostaria que ele ficasse quietinho esperando a gente se recuperar do tombo, mas o danado sacoleja demais, nos vira de ponta cabeça, retorce sem dó, vira do avesso, descostura o que com muito custo a gente remendou.
Tudo que fazemos é tentar costurar de novo alguma outra história, bordamos um ponto cruz no meio do peito, uma bainha de felicidade tímida no rosto e saímos por aí, prontos para sermos dilacerados na próxima esquina.
O que me acalma é saber que ainda tenho um novelo de fé novinho, guardado em algum canto do peito, vou me desenrolando nas linhas de esperança que volta e meia se embolam numa oração e me fazem agarrar o mundo, ziguezagueando na mesma velocidade que o medo de cair. E vou girando, junto com as novas possibilidades, me equilibrando nas marcas deixadas pela guerra interna, deixando que as certezas me ergam novamente, me apertando nos alicerces que edificam a alma, fico na ponta dos pés, brinco nesse eterno gira- gira da vida, olhando pro céu sem olhar pra dor que infinitamente me segura na vontade de lutar.
Ju Fuzetto
*Texto e imagem retirados daqui
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