Ali estava ela, irretocável, nenhum detalhe fazia-se necessário a complementar tal aprimoramento. Olhava-se no espelho longamente e analisava cada traço seu, cada aquisição sua. Os cabelos brancos em desalinho, os sulcos horizontais na testa, os vincos por todo o rosto, as manchas na pele, profundas rugas nos lábios empalidecidos, presentes em um sorriso de tom amarelado. O olhar cansado e profundo, os ombros curvados, as mãos trêmulas, com articulações aumentadas pela artrose, a pele pouco elasticidade e os lentos e doloridos movimentos... enfim, uma autêntica obra prima, lentamente esculpida, entalhada, trabalhada e assinada pelo mais renomado e incompreendido de todos os artistas plásticos,
o tempo.
Paulo Sotter
* Texto e imagem retirados do BLOG do autor.
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