Se fosse uma
comédia-romântica-americana, a gente se encontraria daqui a um tempo e eu diria
a ele, que mesmo depois de ter conhecido homens que não se irritavam com as
minhas ironias, não me seguravam com tanta força a ponto de me esmagar, não
amavam os amigos acima de tudo, não tinham respostas pra tudo de forma tão
irritante. Não eram tão orgulhosos como eu, não tinham humor tão negro. Não
eram convencidos demais, Não gostam de flash backs com ex. Não tiravam sarro do
meu time, não ligavam se eu confundisse nomes de capitais, movimentos
artísticos, ruas e bairros, era ele que eu gostava, era ele que eu queria. E
ele me diria que, mesmo depois de ter conhecido mulheres que comiam de forma
correta nos horários, mulheres que não fossem tão ciumentas e possessivas,
mulheres que arrumavam a cama e não demoravam tanto para sentir prazer, não
tinham pernas tão finas, tampouco testudas, não cantavam tão mal, não tinham
medo de tudo, não eram tão irônicas, não questionavam tudo o tempo inteiro, não
falavam demais, era de mim que ele gostava, era eu que ele queria. Mas a realidade é que não
gostamos desses tipos de filme fraco com final feliz, gostamos dos europeus
“cult” onde na maioria das vezes as pessoas sofrem e perdem, assim como aconteceu
com a gente.
Tati Bernardi
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