Teria sido preferível que você partisse para a legião estrangeira depois
daquele encontro... ah, teria sido o perfeito: um homem que me dava o
maravilhoso e depois ia embora, sem tempo para me magoar, sem tempo de
matar o sonho... nunca mais foi assim, nunca mais aquele encontro das
primeiras descobertas... eu sabia que ia ser diferente da próxima vez,
quando me despedi de você... mas, inevitavelmente, eu iria me encontrar
com você e voltar, sempre e sempre, esperando que se repetissem a
leveza e a entrega do primeiro encontro... mas isso parecia
irrecuperável... não, você não era o Gary Cooper, nem nenhum daqueles
galãs gentis do tempo da minha mãe... não, você não iria para a legião
estrangeira, nem para a China, nem para nenhum lugar distante... eu
teria que te ver todos os dias e, dia a dia, me entregar à tua maldição
porque o meu lado escuro, essa parte maldita de mim, há tanto tempo
adormecida, já tinha sido despertada e reconhecia em você o sujeito da
minha perdição.
Maria Adelaide Amaral in "De braços abertos"
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