sábado, 14 de maio de 2011

Na terra do coração passei o dia
pensando - coração meu, meu coração.
Pensei e pensei tanto que deixou de
significar uma forma, um órgão, uma coisa.
Ficou só com-cor, ação - repetido, invertido - ação, cor
- sem sentido - couro, ação e não. Quis vê-lo, escapava.
Batia e rebatia, escondido no peito. Então fechei os olhos,
viajei. E como quem gira um caleidoscópio, vi:
Meu coração é um sapo rajado, viscoso e cansado,
à espera do beijo prometido capaz de transformá-lo em príncipe.

Caio Fernando Abreu


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